segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Perturbação da desventura


Sem nexo, sem afirmação... Partiu-se assim, corrompendo entradas e saídas. Não se sabia mais o que seria início e fim, numa espécie de labirinto, sem dizer nem olá, tampouco adeus... Simplesmente partiu-se. E num desconfronto de amores sóbrios e inertes, foi-se apresentado à discórdia, que se desfazendo da sua ideologia, firmou-se à terra, surrealmente materializada. E após clamar horrores doentios, passou a mão nos seus longos cabelos, olhando para o alto e bebendo gostas de orvalho que em seus lábios umedeciam. À meia luz que cintilava o céu, lágrimas...
E de tantas lágrimas que foram derramadas, subitamente mudou-se o dia. Escureceu como se fosse noite, talvez a tempestade que acabara de se aproximar, trouxera o mesmo suor do dia, o qual escorria pelo rosto e limpara-se pelo vento que açoitava-se em meio à face, desmedida de aflição.
Dissolveu-se o labirinto, como dissolve-se o cloreto de sódio em água. Encerrou-se a tempestade, assim que espontaneamente o sol começou a brilhar... O dia nasce outra vez, e numa manhã prazerosamente convidativa, a vida continua!

Por: Ítalo Silva
26 de janeiro de 2010

5 comentários:

  1. As vezes nos perdemos em perguntas sobre o motivo do dia e da noite, sobre coisas que ninguém explica.. As vezes a noite é escura e triste.... Mais como vc mesmo ressalva..."O dia sempre nasce outra vez"....

    Suas palavras sua maneira de pensar... e refletir seu pensamento é sublime,Parabéns vc vai longe....

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  2. Minha querida amiga Rafaela Andrade, o prazer de ter uma companheira com a percepção incrível que tens, é todo meu... Suas asas já nasceram prontas, resta-lhe agora um ponto mais alto para poder voar!
    Obrigado ;)

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  3. Palavras.. Palavras.. Tempo e vento..
    O legal eh qd a gente conhece o Prego e o Martelo..



    [lalá..]

    Parabéns Italo..

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  4. Obrigado meu amigo Mozer Beier, estou ancioso para postar textos seus!
    Abração'

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  5. "...e numa manhã prazerosamente convidativa, a vida continua!" Adorei Ítalo a sua sensibilidade...
    E a vida continua, sempre!
    Beijos

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